A Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados rejeitou, por 44 votos a 22, o recurso do parlamentar Glauber Braga contra o parecer do Conselho de Ética que recomendou a cassação de seu mandato. O relator Alex Manente (Cidadania-SP) considerou que não havia vícios no processo, levando o caso ao plenário da Câmara em até 60 dias. A decisão ocorreu após nove dias de greve de fome do deputado, que alega perseguição política devido a denúncias sobre o orçamento secreto, embora o processo seja formalmente baseado em uma agressão a um provocador.
O debate na CCJ durou quase oito horas, com parlamentares divididos entre defender a proporcionalidade da pena e sustentar a legalidade do processo. Enquanto alguns argumentaram que a cassação é desproporcional, dado o contexto emocional do incidente — envolvendo ofensas à mãe do deputado, que sofria de Alzheimer —, outros destacaram a necessidade de respeitar a decisão do Conselho de Ética. A deputada Laura Carneiro (PSD-RJ) chegou a afirmar que, em situação similar, agiria de forma ainda mais contundente.
O caso agora segue para o plenário, onde será decidido o futuro do mandato. Enquanto isso, a discussão reflete tensões políticas mais amplas, incluindo críticas ao orçamento secreto e alegações de uso seletivo de punições. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, comparou a situação a outros casos de cassação, questionando a consistência das decisões da Casa. O desfecho poderá influenciar não apenas a trajetória do parlamentar, mas também o debate sobre ética e proporcionalidade no Congresso.