A Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) identificaram os restos mortais de Denis Casemiro e Grenaldo de Jesus Silva, vítimas da ditadura militar sepultadas na vala clandestina do Cemitério Dom Bosco, em Perus, São Paulo. Ambos foram presos, torturados e assassinados, tendo seus corpos ocultados pelo regime. A identificação, parte do Projeto Perus, representa um avanço na reparação histórica e no direito à memória e à verdade.
Grenaldo, militar da Marinha expulso por reivindicar melhores condições de trabalho, foi morto em 1972 ao tentar capturar uma aeronave. Denis, militante da Vanguarda Popular Revolucionária, foi preso, torturado e executado em 1971, com versões falsas sobre sua morte divulgadas à época. A confirmação das identidades foi possível após revisão genética, corrigindo uma identificação incorreta de Denis em 1991. O trabalho é fruto de parceria entre o Ministério dos Direitos Humanos, a prefeitura de São Paulo e a Unifesp.
A vala de Perus, descoberta em 1990, abrigava 1.049 ossadas não identificadas, incluindo vítimas de violência política. Após décadas de negligência, o governo federal pediu desculpas públicas pela demora na identificação. Até agora, apenas cinco corpos foram identificados, destacando a lentidão do processo. Um ato em São Paulo anunciará oficialmente as novas identificações, reforçando a luta por justiça e reparação para as vítimas da ditadura.