Um estudo publicado na revista The Lancet revela que os eventos climáticos extremos são os principais responsáveis pelo aumento explosivo de casos de febre oropouche na América Latina, incluindo o Brasil. A doença, antes restrita à Amazônia, expandiu-se para outras regiões, com casos saltando de 833 em 2023 para 13.721 em 2024. Em 2025, até abril, já foram confirmados 7.756 casos, com uma morte sob investigação. Transmitida pelo mosquito maruim, a infecção apresenta sintomas similares aos da dengue, como febre, dores musculares e de cabeça, o que pode levar a diagnósticos equivocados.
A pesquisa analisou mais de 9,4 mil amostras de sangue, identificando anticorpos contra o vírus em 6,3% dos casos, com taxas superiores a 10% na Amazônia. Isso indica subnotificação da doença, já que muitos casos podem ter sido confundidos com dengue. Modelos espaciais apontam que mudanças nos padrões de temperatura e chuva influenciaram 60% da disseminação do vírus, sugerindo que fenômenos como o El Niño tenham impulsionado o surto a partir de 2023.
As regiões costeiras do Brasil, do Espírito Santo ao Rio Grande do Norte, além de áreas entre Minas Gerais e Mato Grosso e toda a Amazônia, são as mais vulneráveis à expansão da doença. Os pesquisadores recomendam maior vigilância, testes diagnósticos específicos e estratégias de controle vetorial adaptadas ao maruim, além de investimentos em pesquisas e no desenvolvimento de uma vacina para conter futuros surtos.