A produção cinematográfica sobre as ditaduras militares na América do Sul varia significativamente entre Brasil, Argentina e Chile, refletindo diferenças nas políticas de memória e investimentos culturais de cada país. Segundo levantamento, a Argentina lidera com 608 filmes, muitos premiados internacionalmente, como “A História Oficial” e “O Segredo de Seus Olhos”. O Chile aparece com 225 obras, enquanto o Brasil, com 189, teve sua produção impactada pela extinção da Embrafilme e por uma abordagem menos intensa da memória histórica.
No Brasil, filmes como “O Que É Isso, Companheiro?” e “Ainda Estou Aqui” marcaram momentos importantes, mas a produção foi menos constante. Já a Argentina, com políticas de memória mais ativas, especialmente durante os governos Kirchner, viu picos de lançamentos, inclusive com o recente “Argentina, 1985”. No Chile, a perseguição política levou cineastas exilados a retratar o regime de Pinochet de fora do país, contribuindo para uma visão internacionalizada da ditadura.
Especialistas destacam que as diferenças na produção cinematográfica estão ligadas a fatores como parcerias internacionais, políticas públicas e contextos históricos únicos. Enquanto Argentina e Chile investiram em narrativas amplas e críticas, o Brasil teve uma abordagem mais fragmentada, com períodos de maior atividade relacionados a eventos como a Comissão Nacional da Verdade. O cinema, assim, serve como um espelho das distintas formas como esses países lidam com seu passado autoritário.