Pesquisadores da Embrapa estão desenvolvendo a primeira soja editada geneticamente para resistir às altas temperaturas e à seca, comuns no Brasil. Utilizando a técnica CRISPR, que permite modificar o código genético de um organismo sem introduzir genes de outras espécies, os cientistas buscam combinar características de variedades de soja já existentes—como tolerância à seca e alta produtividade—em uma única planta. Essa abordagem, mais rápida que os métodos tradicionais de cruzamento, pode reduzir o tempo de desenvolvimento de 15 anos para apenas um ou dois, oferecendo uma solução promissora para os desafios climáticos enfrentados pela agricultura.
Além da soja, a edição gênica está sendo testada em outras espécies, como tambaquis sem espinhas no Tocantins e bovinos Angus com pelagem mais curta em Minas Gerais, adaptados para suportar melhor o calor. Na Universidade de São Paulo, pesquisadores exploram a possibilidade de usar porcos editados geneticamente como doadores de órgãos para humanos, inativando genes que causam rejeição. Esses avanços, ainda em fase de testes, demonstram o potencial da tecnologia para revolucionar setores como a agropecuária e a medicina.
Apesar do entusiasmo, especialistas alertam para a necessidade de avaliações rigorosas por agências regulatórias antes que esses produtos cheguem ao mercado. A agrônoma Sara Gapito destaca que, embora a edição de genomas seja revolucionária, é essencial garantir sua segurança por meio de análises robustas. O equilíbrio entre inovação e precaução será crucial para que essas soluções beneficiem a sociedade de forma sustentável e segura.