O pesquisador Hugh Montgomery, diretor do Centro de Saúde e Desempenho Humano da University College London, advertiu que a humanidade pode enfrentar uma extinção em massa semelhante ao Período Permiano se não reverter os efeitos das mudanças climáticas. Durante o Forecasting Healthy Futures Global Summit, no Rio de Janeiro, ele destacou que o planeta já está passando pela maior e mais rápida extinção de espécies da história, impulsionada pela ação humana. Caso a temperatura global aumente 3°C acima dos níveis pré-industriais, as consequências podem ser catastróficas, com a possibilidade de colapso de ecossistemas e ameaça à própria sobrevivência humana.
Em 2024, o mundo atingiu um aumento recorde de 1,5°C, e projeções indicam que, mantidas as atuais emissões de gases do efeito estufa, esse número pode chegar a 2,7°C até 2100. Montgomery ressaltou que mesmo um aumento temporário entre 1,7°C e 2,3°C poderia desencadear o colapso das camadas de gelo do Ártico e a desaceleração da Circulação Meridional do Atlântico, elevando o nível do mar em metros e causando impactos irreversíveis. Além do CO₂, o metano—83 vezes mais danoso—também preocupa, especialmente devido à sua liberação durante a exploração de gás natural.
O especialista enfatizou a necessidade de ações imediatas, tanto para reduzir emissões quanto para adaptar-se às mudanças já em curso. Segundo ele, a economia global pode sofrer perdas anuais de 20% (ou US$ 38 trilhões) a partir de 2049 se nada for feito. Montgomery defendeu que, embora medidas de adaptação sejam urgentes, é essencial priorizar a redução drástica das emissões, pois focar apenas nos sintomas sem buscar a “cura” seria insuficiente para evitar um cenário devastador.