O Dia Nacional do Choro, celebrado em 23 de abril, divide a data com o feriado de São Jorge no Rio de Janeiro. Instituído em 2000, a homenagem ao gênero musical brasileiro foi escolhida em referência ao nascimento de Pixinguinha, ícone do choro, embora pesquisadores tenham descoberto que sua data correta é 4 de maio. O choro, com mais de 150 anos, permanece um mistério pela sua longevidade e pela paixão que desperta em novas gerações, mesmo sem grande apelo comercial.
Henrique Cazes, músico e especialista no tema, destaca a importância das rodas de choro na preservação e renovação do gênero. Esses encontros, que combinam memorização de repertório e improviso, foram essenciais para manter a tradição viva, especialmente antes da era do rádio e das gravações. A fase “defensiva” do choro, entre 1930 e 1980, marcou um período de isolamento das rodas, que se tornaram quase iniciáticas, mas também consolidaram o acervo musical.
O choro é uma criação genuinamente carioca, fruto da mistura cultural única do Rio no século XIX, com influências europeias e africanas. Diferente do samba, que envolve o corpo e a sensualidade, o choro se sustenta em sons e olhares, mantendo um ritual sonoro peculiar. A entrevista também lembra a recente perda de Cristina Buarque, figura importante na revitalização de repertórios esquecidos do samba, cujo legado inspira novas gerações de músicos.