Desde o início da guerra comercial entre Estados Unidos e China durante o primeiro mandato do ex-presidente norte-americano, Pequim tem trabalhado para reduzir sua dependência de produtos agrícolas importados dos EUA, visando fortalecer sua segurança alimentar. Medidas como a diversificação de fornecedores, o investimento em cultivos geneticamente modificados e a adoção de leis antidesperdício foram implementadas para garantir o abastecimento interno. Como resultado, a China agora possui maior flexibilidade para usar suas importações como ferramenta estratégica em disputas comerciais, como demonstrado pela recente decisão de impor tarifas de 84% sobre produtos agrícolas norte-americanos.
Ao longo dos anos, Pequim acelerou a busca por alternativas, aumentando as compras de países como Brasil, Rússia e Argentina, enquanto impulsionava a produção doméstica de grãos. Iniciativas como o plantio experimental de soja e milho transgênicos, a redução do uso de farinha de soja em rações animais e o incentivo à agricultura de precisão contribuíram para alcançar recordes de produção. Em 2024, a colheita chinesa de grãos atingiu 706,5 milhões de toneladas, reforçando a autossuficiência do país.
A escalada recente das tarifas sobre produtos dos EUA reflete a estratégia chinesa de minimizar riscos internos enquanto mantém pressão comercial. Com um plano de longo prazo que inclui metas até 2030, a China busca não apenas reduzir a dependência externa, mas também modernizar sua cadeia agrícola. As medidas adotadas nos últimos anos demonstram uma abordagem sistemática para transformar a segurança alimentar em uma vantagem geopolítica.