O cardeal Leonardo Ulrich Steiner, primeiro representante da Amazônia no colégio cardinalício, concedeu uma entrevista à BBC News Brasil antes de viajar para o Vaticano, onde participará do conclave para eleger o sucessor do papa Francisco. Steiner, que foi nomeado cardeal em 2022, destacou a importância simbólica de sua presença no cenário geopolítico atual, especialmente em meio à crise climática. Ele evitou especulações sobre ser um candidato ao papado, brincando que “não dá conta nem de Manaus”, mas enfatizou seu desejo de contribuir para os debates, defendendo uma Igreja voltada para a esperança e a justiça social.
O cardeal falou sobre o legado de Francisco em relação à Amazônia, lembrando que o pontífice sempre demonstrou preocupação com a região, desde a Conferência de Aparecida em 2007 até a convocação do Sínodo para a Amazônia em 2019. Steiner criticou a politização ideológica da pauta ambiental, argumentando que a crise climática é uma questão de sobrevivência global, não de divisão partidária. Ele também destacou a necessidade de diálogo com os povos indígenas, respeitando sua espiritualidade e relação única com a natureza.
Ao abordar os desafios de ser bispo em Manaus, Steiner citou problemas como desmatamento, poluição, violência e falta de saneamento básico, reforçando o papel da Igreja na promoção da justiça e da fraternidade. Ele ressaltou que, embora o título de cardeal traga responsabilidades adicionais, sua missão continua sendo pastoral e próxima do povo. O religioso encerrou com um chamado à ação coletiva, lembrando que cuidar da “casa comum” é um dever de todos, transcendendo fronteiras religiosas e políticas.