Dois adolescentes de 14 anos foram abordados por policiais militares na Zona Leste de São Paulo em maio do ano passado, acusados injustamente de roubo de um carro. Imagens de câmeras corporais, obtidas com exclusividade, mostram que os jovens foram agredidos, torturados e ameaçados de morte durante a abordagem. Os policiais envolvidos tentaram obstruir as gravações, mas as cenas registradas incluem socos, queimaduras com cigarro e ameaças. Os adolescentes, que estavam voltando da casa de um amigo, foram levados à delegacia e confessaram o crime sob coação, mas posteriormente foram absolvidos por falta de provas.
A rotina dos jovens mudou drasticamente após o episódio, com um deles desenvolvendo medo de andar sozinho e de viaturas policiais. As mães relataram que os filhos só revelaram a verdade quando já estavam internados na Fundação Casa, com medo de represálias. As imagens das câmeras corporais contradizem a versão dos policiais, que alegaram que os ferimentos foram causados por quedas durante uma suposta perseguição. O caso levou à abertura de processo contra os cinco PMs por tortura e fraude processual.
A primeira audiência de instrução ocorreu nesta quinta-feira (3), quase um ano após o ocorrido. Enquanto os policiais aguardam julgamento, alguns foram realocados para funções administrativas ou supervisionadas. A defesa dos agentes afirmou que só se manifestará após o fim da audiência, reiterando a presunção de inocência. O caso expõe questões graves sobre abuso de autoridade e a importância das câmeras corporais para a transparência policial.