A maioria dos deputados da Câmara assinou um pedido de urgência para votação de um projeto de lei que concede anistia a participantes dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando sedes dos Poderes foram invadidas em Brasília. Segundo analistas, a adesão reflete estratégias políticas, como a busca por apoio do eleitorado bolsonarista e negociações com partidos da base governista. Entre os signatários, destacam-se bancadas das regiões Sul e Centro-Oeste, com mais de 70% de adesão, enquanto Nordeste teve menor participação (33,1%).
Partidos da base do governo, como União Brasil, PP e Republicanos, foram os que mais contribuíram com assinaturas, mesmo ocupando ministérios. Especialistas apontam que a movimentação visa equilibrar apoio ao governo com a captação de votos conservadores. Para cientistas políticos, o bolsonarismo oferece uma vantagem eleitoral ao permitir que candidatos conquistem eleitores sem defender políticas redistributivas, tornando a proposta de anistia atraente para a direita.
Organizações da sociedade civil, como o Pacto pela Democracia, criticam a iniciativa, classificando-a como um retrocesso e alertando para o risco de normalização de ataques às instituições. A PGR já denunciou que os atos de 8 de janeiro incluíam planos para anular as eleições e até mesmo assassinatos de autoridades. Apesar da urgência, a votação depende da decisão da presidência da Câmara, que sinalizou deixar a pauta a cargo dos líderes partidários. No Senado, há resistência à proposta, vista como contrária ao interesse público.