Warren Buffett, conhecido por sua aversão à culinária japonesa, surpreendeu ao direcionar bilhões em investimentos para o Japão durante a pandemia. Em 2020, sua holding, Berkshire Hathaway, adquiriu participações de cerca de 5% nas cinco maiores tradings do país, como Mitsubishi e Sumitomo, num investimento inicial de US$ 6,7 bilhões. A estratégia incluiu a emissão de títulos em ienes para aproveitar juros baixos, enquanto os dividendos das empresas japonesas ofereciam retornos atraentes. Com o tempo, as participações subiram para quase 10%, gerando ganhos significativos e destacando a visão de longo prazo de Buffett.
A aposta reflete uma confiança na resiliência corporativa do Japão, onde empresas combinam tradição e gestão moderna. Buffett elogiou a alocação de capital e a postura das tradings, que priorizam dividendos e recompra de ações, contrastando com a agressividade dos executivos americanos. Além disso, o país se destaca em setores como tecnologia e suprimentos globais, com empresas adotando práticas como a “gestão ambidestra” e a produção enxuta da Toyota. Esses fatores, somados a uma abordagem focada em stakeholders, tornaram o Japão uma oportunidade única para o investidor.
Apesar dos desafios, como o envelhecimento populacional, a economia japonesa mostra sinais de revitalização, atraindo olhares globais. Analistas destacam que a jogada de Buffett foi mais uma exploração de distorções entre preço e valor do que uma aposta direta no crescimento do país. Mesmo assim, o movimento simboliza um voto de confiança no renascimento corporativo japonês, reforçando sua relevância no cenário econômico mundial. O sucesso da estratégia, com ganhos de capital e rendimentos robustos, comprova mais uma vez a sagacidade do “Oráculo de Omaha”.