O Brasil recebeu uma comitiva chinesa do Ministério da Agricultura nesta quarta-feira (16), em meio às preparações para a Cúpula do Brics, marcada para julho no Rio. O encontro, inicialmente planejado no contexto do bloco, ganhou maior relevância devido à guerra tarifária entre EUA e China, que levou o país asiático a buscar novos parceiros para suprir possíveis lacunas em importações agrícolas. O Brasil, como um dos maiores exportadores de commodities, surge como alvo prioritário para a China, mas também busca equilibrar essa relação com as demandas do mercado interno.
Por um lado, o governo brasileiro vê oportunidades para expandir as exportações, especialmente de soja, diante da supersafra recorde projetada para 2024/2025. A Conab estima um crescimento de 8,2% na colheita de grãos, incluindo itens essenciais como feijão, arroz e milho, o que poderia aliviar os preços domésticos. No entanto, há cautela sobre o impacto de um aumento nas vendas para a China, já que a prioridade é conter a inflação dos alimentos e melhorar a popularidade do governo.
O cenário global tensionado coloca o Brasil em uma posição estratégica, mas também exige cuidado para não comprometer o abastecimento interno. Enquanto a China busca alternativas às tarifas americanas, o país tenta aproveitar a demanda sem descuidar do controle de preços, um desafio que pode definir os rumos do agronegócio nos próximos meses.