O presidente do BNDES, Aloízio Mercadante, avalia que o setor agropecuário brasileiro pode se beneficiar das tarifas comerciais impostas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo ele, a política econômica protecionista de Trump pode abrir mercados para competidores dos EUA, como o Brasil, especialmente na agricultura e pecuária. O país foi taxado em 10%, percentual menor que o aplicado a outras nações, como China (145%), União Europeia (20%) e Índia (26%), o que pode acelerar oportunidades comerciais para produtos brasileiros.
Mercadante destacou que a guerra comercial entre EUA e China, que juntas representam quase metade do PIB mundial, gerou tensões nas cadeias produtivas globais e pode causar pressão inflacionária em diversos países. No entanto, ele acredita que o Brasil e a América do Sul foram “preservados” e devem aproveitar a busca por novos parceiros comerciais por parte de nações como México e Canadá. Além disso, defendeu que o país fortaleça sua posição energética, aumentando a capacidade de refino da Petrobras para reduzir a dependência de derivados importados, que tendem a ficar mais caros com as barreiras comerciais.
O presidente do BNDES também ressaltou a importância de explorar o potencial da Margem Equatorial, região com possíveis reservas de petróleo, garantindo que a Petrobras mantenha seus rigorosos padrões ambientais, como fez no pré-sal. Ele lembrou que, apesar dos debates iniciais sobre riscos, a exploração do pré-sal não registrou acidentes relevantes e transformou a economia brasileira. Para Mercadante, a transição para energias limpas não elimina a necessidade do petróleo, mas exige um equilíbrio entre desenvolvimento e sustentabilidade.