Em São Paulo, a queda de 330 árvores durante uma tempestade em março, que causou uma morte e deixou meio milhão de pessoas sem energia, revelou problemas crônicos na gestão da arborização urbana. O botânico Gregório Ceccantini, da USP, identificou uma série de falhas, como podas mal executadas, espécies inadequadas e canteiros impróprios, que tornam as árvores mais vulneráveis a ventos fortes. A Prefeitura e a Enel, responsáveis pela manutenção, afirmam estar ampliando equipes e podas, mas críticos apontam lentidão e falta de critérios técnicos.
Entre os principais erros destacados estão a escolha de espécies como a Ficus benjamina, que apodrece facilmente e destrói calçadas, e podas que desequilibram as copas, aumentando o risco de quedas. Além disso, árvores plantadas muito próximas ao asfalto ou em canteiros inadequados têm raízes superficiais, facilitando seu arrancamento durante tempestades. Moradores também contribuem para o problema ao plantar espécies inadequadas em calçadas, muitas vezes sem orientação técnica.
Especialistas defendem que, apesar dos riscos, as árvores grandes são essenciais para amenizar o calor e a poluição nas cidades, especialmente em um cenário de mudanças climáticas. A solução, segundo eles, passa por melhor planejamento na escolha de espécies, manejo adequado e fiscalização mais rigorosa. Enquanto isso, tempestades intensas continuam a testar a resiliência da arborização paulistana, com eventos extremos se tornando cada vez mais frequentes.