O Cerrado, berço das águas e habitat de 41 espécies de beija-flores, enfrenta riscos crescentes devido ao desmatamento e às mudanças climáticas. O biólogo e fotógrafo Marcelo Kuhlmann dedicou uma década à pesquisa desse bioma, resultando em um livro de 750 páginas que documenta a relação entre as aves e as flores nativas. A obra, organizada de forma didática, destaca a importância da preservação da biodiversidade, já que mais da metade da vegetação original do Cerrado foi perdida nos últimos 70 anos, principalmente devido à expansão do agronegócio.
Kuhlmann alerta que as mudanças climáticas podem alterar o período de floração das plantas, afetando diretamente os beija-flores, que dependem do néctar ao longo de todo o ano. Essas aves, com visão aguçada e capacidade de enxergar ultravioleta, são polinizadores essenciais, trabalhando em conjunto com abelhas, borboletas e morcegos. O pesquisador enfatiza que a perda do Cerrado não só ameaça a biodiversidade, mas também pode levar a um déficit hídrico no país, já que o bioma é crucial para a formação de bacias hidrográficas.
O livro também revela a diversidade de flores que atraem os beija-flores, desde as mais coloridas até as mais discretas, mostrando uma relação evolutiva única entre plantas e aves. Kuhlmann destaca a necessidade de valorizar as espécies nativas e promover a conservação, reforçando que “não é possível conservar sem conhecer”. Com registros raros, como o do rabo-branco-de-sobre-amarelo, a obra busca conscientizar sobre a importância de proteger esse ecossistema tão ameaçado.