O presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, destacou que o cenário atual de incerteza e volatilidade está tornando o ambiente econômico mais cauteloso, o que deve reduzir o crescimento global. Durante entrevista prévia às reuniões de primavera entre bancos multilaterais, Banga afirmou que os países em desenvolvimento, hoje centrais no comércio mundial, podem prejudicar sua competitividade ao manter tarifas de importação elevadas. Ele defendeu uma abertura de mercado mais ampla, não apenas com parceiros privilegiados, para evitar retaliações e perdas econômicas, citando que quase metade das exportações globais já têm como destino nações em desenvolvimento.
Banga também abordou os impactos diferenciados da desaceleração econômica, dependendo do modelo de crescimento de cada país. Nações dependentes de exportações de commodities ou manufaturados são mais vulneráveis a interrupções, enquanto economias com maior peso do consumo interno podem sentir menos os efeitos. Apesar dos desafios, ele ressaltou que políticas regionais de integração comercial, com regras claras e custos reduzidos, podem impulsionar o comércio e promover crescimento estável e diversificado.
O presidente ainda expressou preocupação com a possível redução de contribuições dos EUA ao Banco Mundial, já que o governo Trump tem questionado o apoio a organismos multilaterais. Caso os americanos não cumpram a promessa de US$ 4 bilhões para a Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA), o financiamento total pode cair de US$ 100 bilhões para US$ 80 bilhões, afetando projetos em países pobres. Banga enfatizou que as reuniões da próxima semana focarão em estratégias de criação de empregos, lideradas por representantes de Singapura e do Chile, como forma de fortalecer a resiliência econômica global.