Um número crescente de mulheres no Quênia está escolhendo a esterilização permanente, desafiando as expectativas sociais que vinculam a feminilidade à maternidade. Dados do Ministério da Saúde do país mostram que cerca de 16 mil mulheres realizaram laqueaduras entre 2020 e 2023, com um perfil cada vez mais diversificado: muitas não têm filhos ou possuem poucos, diferentemente do padrão anterior, em que a maioria já havia completado a família. Médicos ressaltam que o procedimento é irreversível na maioria dos casos, e a decisão exige certeza absoluta, mas destacam a necessidade de respeitar a autonomia das pacientes.
A escolha pela esterilização reflete uma mudança cultural impulsionada por acesso a informações e influências feministas. Mulheres que optaram pelo procedimento relatam sentir-se libertadas, citando autores como Toni Morrison e Angela Davis como inspiração para questionar padrões tradicionais. No entanto, ainda enfrentam resistência de profissionais de saúde, que muitas vezes desencorajam a laqueadura com base em crenças religiosas ou culturais, priorizando supostos futuros parceiros em vez dos desejos da paciente.
Nas redes sociais, a discussão ganha visibilidade, com relatos de mulheres compartilhando suas jornadas e enfrentando reações majoritariamente positivas. Apesar dos avanços, especialistas apontam que o desafio persiste em mudar mentalidades médicas e sociais, garantindo que a decisão sobre o próprio corpo seja respeitada. Para muitas, a esterilização não é apenas uma escolha contra a maternidade, mas uma afirmação de controle sobre seus corpos e futuros.