Uma auditoria interna do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) identificou, pelo menos oito meses antes da operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU), inconsistências em descontos automáticos de mensalidades associativas em benefícios previdenciários. O relatório da Auditoria-Geral apontou que os procedimentos para formalizar os Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) não cumpriam integralmente os requisitos legais, levando a cobranças não autorizadas. Entre janeiro de 2023 e maio de 2024, mais de 1,1 milhão de pedidos de cancelamento foram registrados, com 90% alegando falta de autorização.
A investigação mostrou que, em muitos casos, as entidades não apresentavam documentos que comprovassem o consentimento dos beneficiários. Em uma amostra de 603 pedidos, 329 não tinham comprovação de regularidade, e mesmo nos casos com documentação, havia dúvidas sobre a real intenção dos aposentados. Os valores movimentados por esses descontos cresceram significativamente, atingindo R$ 2,8 bilhões em 2023, mas a falta de transparência prejudicou tanto os beneficiários quanto a eficiência do INSS, sobrecarregando os servidores com demandas de cancelamento.
O relatório recomendou a revisão dos processos de desconto e a suspensão de novas cobranças até a conclusão das análises. O ministro da Previdência afirmou que medidas foram tomadas desde junho de 2023 para conter irregularidades, incluindo a suspensão de novos ACTs. A auditoria destacou a necessidade de maior rigor na fiscalização para evitar impactos negativos nos beneficiários e no sistema previdenciário.