Uma auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU) identificou casos graves de fraudes em descontos ilegais nos contracheques de aposentados e pensionistas do INSS. Foram encontrados cadastros em nome de pessoas analfabetas, indígenas de comunidades isoladas, idosos com doenças graves e até beneficiários residindo no exterior — indivíduos que, segundo a CGU, não teriam condições de autorizar pessoalmente os descontos. Entre os entrevistados, 97,6% afirmaram não ter consentido com os abatimentos, muitos dos quais só descobriram a irregularidade durante a investigação.
Os beneficiários do INSS podem, por lei, autorizar descontos mensais para associações ou sindicatos, desde que a solicitação seja feita de forma prévia e pessoal. No entanto, a auditoria revelou que as regras foram burladas, com indícios de que autorizações foram forjadas ou obtidas sob engano. A Polícia Federal investiga se servidores do INSS facilitaram o esquema, vendendo dados de aposentados e permitindo descontos indevidos, causando um prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões.
A operação, batizada de “Sem Desconto”, expôs um cenário de irregularidades que levou à saída do então presidente do INSS, afastado por decisão judicial. As investigações continuam para apurar a extensão do esquema e responsabilizar os envolvidos, enquanto milhares de aposentados aguardam reparação pelos prejuízos sofridos.