Uma auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU) identificou indícios de descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS. Durante as investigações, 97,6% dos 1.273 beneficiários entrevistados afirmaram não ter autorizado os descontos associativos, e 95,9% disseram não estar filiados às entidades que realizavam as cobranças. Documentos apresentados pelas organizações, como fichas de filiação e autorizações, foram contestados pelos entrevistados, que não reconheceram as assinaturas ou a vinculação com as associações.
O relatório da CGU apontou que a falta de familiaridade dos idosos com ferramentas digitais, como o aplicativo Meu INSS, dificultou a identificação e o cancelamento dos descontos. Cerca de 72,4% dos entrevistados desconheciam a existência das cobranças, e apenas 32,4% já haviam utilizado o aplicativo. A suspensão do envio de extratos em papel agravou a situação, limitando o acesso à informação para quem não usa meios digitais. Além disso, muitos beneficiários enfrentaram obstáculos para solicitar o cancelamento, como a necessidade de contas gov.br com nível ouro e dados específicos.
A operação conjunta com a Polícia Federal resultou na suspensão dos acordos que permitiam os descontos e em mudanças na gestão do INSS. O relatório destacou que a transformação digital no instituto, sem controles internos adequados, aumentou os riscos de cobranças indevidas. A CGU alertou para a vulnerabilidade dos beneficiários, em sua maioria idosos, e a necessidade de melhorias nos mecanismos de proteção para evitar abusos por parte de terceiros.