Em audiência pública na Câmara dos Deputados, especialistas destacaram a carência de políticas públicas voltadas à saúde mental de idosos, especialmente aqueles com transtornos cognitivos. Karla Giacomin, presidente da Frente Nacional de Fortalecimento das Instituições de Longa Permanência para Idosos, criticou a omissão do Ministério da Saúde em relação a essa população em seu relatório anual. Ela apontou que preconceitos como familismo, sexismo e idadismo contribuem para a negligência, reforçando a ideia de que o cuidado deve ser familiar ou que idosos não merecem investimentos.
O debate também abordou os desafios enfrentados por idosos em abrigos, onde fatores como perda de autonomia, isolamento social e abandono familiar agravam problemas psicológicos. Kenio Costa Lima, do Ministério dos Direitos Humanos, mencionou que o Brasil possui quase 2 mil abrigos públicos, abrigando mais de 70 mil pessoas, mas a institucionalização muitas vezes prejudica a saúde mental. Dados da Organização Mundial da Saúde indicam que 15% dos idosos sofrem com transtornos como depressão e ansiedade, realidade que se repete no Brasil, onde 14% dessa população é afetada.
Como solução, os participantes defenderam políticas que garantam não apenas acesso à saúde, mas também a autonomia e integração social dos idosos. O governo federal está elaborando o Plano Nacional de Direitos da Pessoa Idosa, que inclui medidas para preservar o papel social desse grupo. A audiência foi convocada pelas comissões de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa e de Saúde, reforçando a urgência do tema diante do envelhecimento populacional.