Fred Hoyle, um dos cientistas mais influentes do século XX, ficou conhecido por cunhar o termo “Big Bang” durante uma palestra em 1949, embora ele mesmo nunca tenha aceitado a teoria. Defensor da teoria do Estado Estacionário, que propunha um universo infinito e eterno, Hoyle ironicamente acabou contribuindo para o modelo rival ao explicar a nucleossíntese estelar — o processo pelo qual os elementos químicos são formados no interior das estrelas. Sua descoberta reforçou a ideia de que somos feitos de poeira estelar, um legado que permanece central na astrofísica moderna.
Apesar de suas contribuições revolucionárias, Hoyle nunca recebeu o Prêmio Nobel, algo que muitos atribuem ao seu estilo franco e às suas ideias controversas, como a hipótese de que a vida na Terra teria origem em microrganismos vindos do espaço. Sua teoria do Estado Estacionário foi superada em 1964, quando a descoberta da radiação cósmica de fundo confirmou o Big Bang como a explicação dominante para a origem do universo. Mesmo assim, o termo que ele criou de forma casual se tornou um dos mais reconhecidos na ciência.
Hoyle deixou um legado ambivalente: brilhante e provocador, ele foi tanto um pioneiro da cosmologia quanto um crítico ferrenho do consenso científico. Sua história ilustra como o progresso científico muitas vezes avança por meio de debates acalorados e como até mesmo os opositores de uma teoria podem, involuntariamente, ajudá-la a se consolidar. Seu nome permanece ligado não apenas a uma das maiores descobertas da humanidade, mas também a um dos debates mais fascinantes da ciência moderna.