A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) completa duas décadas em 2025, consolidando-se como principal referência na mobilização nacional dos povos originários. Criada durante o segundo Acampamento Terra Livre (ATL), a entidade surgiu para unir as centenas de etnias do país, superando desafios históricos como a falta de representação nacional e a repressão durante a ditadura militar. Ao longo dos anos, a Apib fortaleceu a luta por direitos constitucionais, como a demarcação de terras e a participação indígena em políticas públicas, culminando na criação do Ministério dos Povos Indígenas e na ocupação de espaços de poder por lideranças originárias.
A trajetória da Apib é marcada por iniciativas anteriores, como a União das Nações Indígenas (Uni) e o Conselho de Articulação dos Povos Indígenas (Capoib), que pavimentaram o caminho para uma articulação nacional. O modelo atual, baseado em um colegiado com representantes de todas as regiões do país, evitou a centralização de poder e garantiu a continuidade do movimento mesmo após crises internas. O Acampamento Terra Livre, realizado anualmente desde 2004, tornou-se um símbolo dessa união, reunindo milhares de indígenas para discutir pautas comuns e pressionar o governo.
Apesar dos avanços, desafios persistem, como a resistência no Congresso Nacional contra a demarcação de terras e a implementação efetiva de políticas indígenas. No entanto, lideranças destacam o crescimento do movimento, com maior participação de mulheres e jovens, e expressam otimismo sobre o futuro da Apib. Em um manifesto recente, os povos indígenas reafirmaram a importância da resistência coletiva, destacando que a Apib e o ATL são expressões vivas da luta pelos direitos consagrados na Constituição de 1988.