Mulheres integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) estão usando a técnica das arpilleras — uma forma de arte têxtil originária do Chile — para denunciar violações de direitos humanos e impactos socioambientais causados por barragens no Brasil. Reunidas em oficinas coletivas, elas bordam histórias de lutas, como os desastres de Mariana e Brumadinho, a reforma trabalhista, a insegurança alimentar e até os efeitos da pandemia. Cada peça, feita em grupo, é acompanhada por uma carta que detalha as denúncias, transformando-se em ferramentas de educação popular e memória.
A exposição no Museu de Arte de São Paulo (Masp) reúne 34 arpilleras, destacando não apenas os danos causados por barragens, mas também questões como desmatamento, violência de gênero e deslocamento de comunidades. As obras, criadas em juta — material tradicional da técnica —, surgem de debates coletivos sobre temas urgentes, refletindo a resistência dessas mulheres frente a um modelo energético e social que as marginaliza. A curadoria ressalta que a arpillera vai além do objeto artístico: é um registro têxtil de lutas e um espaço seguro para compartilhar experiências.
Além da mostra, o MAB promoverá uma oficina aberta ao público, reforçando o caráter participativo da iniciativa. As cartas escritas pelas mulheres, algumas expostas no museu, amplificam suas vozes, levando as denúncias para além das fronteiras locais. Com entrada gratuita às terças e sextas à noite, a exposição no Masp é uma oportunidade para conhecer essas narrativas costuradas em tecido, onde cada ponto representa uma história de resistência.