O filme animado em questão narra a história de Jesus, com uma abordagem peculiar: o autor Charles Dickens é quem conta a trajetória bíblica ao seu filho e ao gato da família, enquanto ambos aparecem inseridos nas cenas do Novo Testamento. A animação, que tem um elenco de voz renomado, mistura elementos históricos e fantasia, mas peca por prolongar demais a narrativa, tornando-a cansativa para o público infantil. A inspiração veio de um texto inédito de Dickens, publicado postumamente, que buscava apresentar a figura de Jesus como o verdadeiro “Rei dos Reis” para crianças.
Tecnicamente, a produção é irregular. Enquanto os cenários e a iluminação são ricos em detalhes e texturas, a animação dos personagens é estranhamente exagerada, com Jesus retratado de forma pouco natural — pescoço alongado e cabelos lisos, lembrando um boneco de ação. Os discípulos e fariseus também são caricatos, com traços que podem ser interpretados como estereótipos problemáticos. Apesar da qualidade visual em alguns aspectos, as escolhas artísticas geram desconforto e comprometem a imersão.
A narrativa, que lembra a estrutura de “Um Conto de Natal”, tem potencial para agradar famílias em busca de uma introdução à história religiosa, mas falha em equilibrar o tom lúdico com o respeito ao material original. O resultado é uma obra ambiciosa, porém inconsistente, que oscila entre o encantador e o bizarro, deixando a desejar tanto no conteúdo quanto na execução.