O desempenho excepcional das empresas americanas nos últimos anos está ligado a uma política fiscal pró-cíclica, que beneficiou o setor privado, mas gerou desequilíbrios macroeconômicos, como déficits comercial e fiscal. Segundo um analista, os EUA têm uma taxa de poupança estruturalmente baixa, contrastando com países como China e Alemanha, onde a poupança elevada sustenta superávits comerciais. O alto custo da mão de obra nos EUA, em relação à produtividade industrial, agrava esses desequilíbrios.
Para reverter esse cenário, três estratégias são apontadas: a imposição de tarifas comerciais, o controle sobre investimentos externos e a desvalorização do dólar. A combinação dessas medidas, com ênfase no câmbio, poderia corrigir parte dos desequilíbrios, elevando salários em outras moedas e reduzindo-os em dólar. Tarifas específicas, como as sobre commodities, poderiam arrecadar até US$ 230 bilhões anuais com impacto inflacionário limitado.
O analista também sugere políticas coordenadas com parceiros internacionais, como estímulos fiscais na Europa e Ásia, para valorizar moedas locais e equilibrar a competição global. Uma medida simbólica proposta é a conversão de títulos públicos americanos em treasuries de 100 anos, reduzindo a necessidade de financiamento de longo prazo. Sem ajustes, os desequilíbrios podem levar a consequências mais severas, embora uma ação coordenada possa evitar recessão, mesmo com desaceleração no curto prazo.