O número de casos de violência em escolas brasileiras mais que triplicou em uma década, atingindo um recorde em 2023, segundo dados da Fapesp. Naquele ano, 13,1 mil vítimas foram atendidas em hospitais públicos e privados após sofrerem agressões físicas, psicológicas ou sexuais no contexto educacional. Em 2003, os registros eram de 3,7 mil ocorrências. Metade dos casos em 2023 envolveu violência física, seguida por abusos psicológicos/morais (23,8%) e sexuais (23,1%). Em 35,9% das situações, o agressor era alguém próximo da vítima.
Entre os fatores que explicam o aumento estão a desvalorização da carreira docente, a normalização de discursos de ódio, a precariedade da infraestrutura escolar e a exposição dos alunos à violência doméstica. Além disso, falhas na mediação de conflitos e a falta de preparo das secretarias de educação para lidar com questões como racismo e misoginia agravaram o problema. O crescimento de comunidades virtuais que promovem ideias destrutivas também contribuiu para o cenário.
Especialistas sugerem medidas como políticas intersetoriais, parcerias com saúde e assistência social, e uma transformação cultural nas escolas para reduzir a violência. A gestão escolar com maior representatividade e o acionamento de conselhos tutelares em casos graves também são apontados como caminhos possíveis. O caso da creche em Blumenau, onde quatro crianças morreram em um ataque violento, ilustra a gravidade do problema e a urgência de ações efetivas.