A decisão do governo dos EUA de encerrar a maioria dos programas da USAID, agência de ajuda internacional, gerou preocupação em setores humanitários e de saúde pública. Cortes em áreas como vacinação e socorro emergencial podem impactar milhões de pessoas. No entanto, a ajuda ao desenvolvimento, que representa apenas 1% do orçamento federal americano, tem resultados questionáveis: décadas de assistência a países pobres muitas vezes resultaram em serviços públicos fragilizados, desigualdade crescente e dependência, em parte devido às condições impostas por instituições como o Banco Mundial e o FMI, que exigem austeridade e liberalização comercial.
O cenário global também está mudando, com a China superando os EUA em investimentos semelhantes a ajuda externa, oferecendo empréstimos sem exigências políticas. Outros países, como Índia e Turquia, também ampliam sua influência por meio de cooperação Sul-Sul. Paralelamente, há críticas aos “efeitos colaterais” negativos gerados por nações ricas, como a drenagem de riqueza de países pobres—estimada em US$ 62 trilhões desde 1960—e políticas que dificultam a autossuficiência dessas nações. A ONU monitora esses impactos, que prejudicam o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Especialistas sugerem que, em vez de simplesmente reduzir a ajuda internacional, seria mais eficaz combater as práticas que perpetuam a pobreza, como fluxos financeiros ilícitos e reservas cambiais excessivas. Alguns doadores, como a Noruega, já reconhecem a necessidade de reformas para frear esses problemas. Como propôs um economista premiado, a solução pode estar em pressionar os governos a parar de ações que prejudicam o desenvolvimento dos países mais vulneráveis, em vez de apenas cortar fundos de assistência.