Quase um ano após as enchentes históricas que devastaram o Rio Grande do Sul em maio de 2024, cerca de 400 pessoas ainda vivem em abrigos públicos em oito cidades do estado. Centros de acolhimento, como o Centro Humanitário de Acolhimento Vida, na Zona Norte de Porto Alegre, abrigam 142 desabrigados, divididos em alas para famílias, homens, mulheres e LGBTQIA+. Enquanto aguardam por programas habitacionais do governo federal e estadual, muitos tentam reconstruir suas vidas em espaços temporários que já se tornaram prolongados.
O Ministério da Reconstrução informou que, nos próximos 30 a 90 dias, espera zerar a fila de espera por moradias. Até agora, mais de duas mil casas foram entregues por meio do programa Compra Assistida, e outras sete mil estão autorizadas para construção. No entanto, o processo é lento: as novas moradias podem levar até 16 meses para ficarem prontas. Enquanto isso, histórias como a do senhor Aparecido, que aguarda a conclusão dos trâmites bancários para receber sua casa nova, ilustram a esperança e a frustração dos desabrigados.
Nos espaços de recreação dos abrigos, desenhos infantis revelam sonhos de lares perdidos ou ainda por vir. A Organização Internacional para as Migrações (OIM) destaca que esta é a fase de retomada, mas a reconstrução vai além da infraestrutura—envolve restaurar vidas e memórias. A solidariedade nacional mobilizou doações e voluntários, mas o desafio agora é garantir que as promessas se transformem em lares reais para quem perdeu tudo.