A popularização de ferramentas de inteligência artificial tem inundado as redes sociais com imagens que imitam o estilo visual do Studio Ghibli, despertando debates sobre autoria, criatividade e o valor simbólico da arte na era das máquinas. Especialistas argumentam que, embora a IA possa reproduzir estilos consagrados, ela não captura a subjetividade e a experiência humana que fundamentam a criação artística. A discussão ganha contornos jurídicos e econômicos quando se considera que muitos modelos de IA são treinados com obras protegidas por direitos autorais, sem consentimento ou remuneração dos artistas originais.
O cerne do problema reside na questão da identidade artística: estilos são frutos de trajetórias individuais e devem ser protegidos não por saudosismo, mas para garantir a sustentabilidade da inovação cultural. Helena Klang, especialista em comunicação, enfatiza que a máquina é um instrumento, não uma criadora autônoma, e que o estilo pertence ao artista que o desenvolveu. Ignorar esse princípio pode levar a um cenário em que poucas empresas concentram os lucros, enquanto artistas têm seus trabalhos replicados sem créditos ou compensação financeira.
Além do debate sobre autoria, o conteúdo gerado por IA traz desafios ocultos, como alto consumo energético, uso indiscriminado de dados e a precarização do trabalho criativo. A sociedade precisa decidir se quer fomentar uma inovação que valoriza a criação humana ou um modelo que prioriza a replicação acelerada e desregulada. Proteger a autoria não é apenas uma questão de justiça, mas uma estratégia para preservar um patrimônio cultural rico e diverso para as futuras gerações.