A venda de áreas de pesquisa no estado de São Paulo tem gerado preocupações quanto à preservação do Cerrado, que ocupa apenas 3% de sua vegetação original no estado. A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) alerta que a venda de fazendas destinadas à pesquisa e conservação pode comprometer a preservação do bioma e suas funções ecológicas essenciais, como a proteção do aquífero Guarani, a maior reserva de água doce subterrânea do mundo.
O governo estadual confirmou que está avaliando a venda dessas áreas, que são fundamentais para a pesquisa científica e o desenvolvimento de estudos sobre mudanças climáticas e segurança hídrica. A presidente da APqC, Helena Dutra Lutgens, destaca que, em um cenário de escassez de água e mudanças climáticas, o estado deveria concentrar esforços no fortalecimento da pesquisa e na preservação dos recursos naturais, em vez de vender terras estratégicas para a conservação e produção de conhecimento.
A APqC também ressalta a importância dos 16 institutos públicos de pesquisa de São Paulo, que estão investigando variedades agrícolas mais resistentes às mudanças climáticas. Contudo, esses esforços necessitam de mais investimentos e profissionais qualificados para serem eficazes. A segurança alimentar futura, segundo a APqC, depende do investimento em pesquisa científica e na manutenção das áreas dedicadas a esses estudos, que são essenciais para o avanço da ciência e a adaptação ao novo clima.