A venda de áreas de pesquisa no Estado de São Paulo está gerando preocupações sobre os impactos ambientais no bioma do Cerrado, que ocupa atualmente apenas 3% de sua vegetação original no território paulista. A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) alerta para o risco que essa venda representa para a preservação do bioma e para o desenvolvimento de pesquisas científicas essenciais à conservação da biodiversidade. Essas áreas, atualmente sob a gestão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), são fundamentais para experimentação e conservação.
O Cerrado desempenha um papel crucial na absorção e liberação gradual de água das chuvas, além de ser essencial para a proteção do aquífero Guarani, o maior reservatório de água doce subterrânea do mundo. Cientistas enfatizam que o bioma é vital para a manutenção dos recursos hídricos em São Paulo, especialmente em um cenário de mudanças climáticas e escassez de água que afeta diversos municípios do interior. Para a APqC, a venda dessas áreas pode agravar a crise hídrica e aumentar os riscos de contaminação dos mananciais pela atividade agrícola.
A APqC também destaca a importância do investimento em pesquisas que busquem variedades agrícolas mais resistentes ao novo clima. Segundo a associação, os institutos públicos de pesquisa de São Paulo já estão realizando estudos, mas precisam de mais recursos e cientistas para ampliar suas iniciativas. O uso sustentável da água e o desenvolvimento de novas variedades de alimentos dependem diretamente dessas pesquisas, e a venda das áreas de experimentação pode comprometer o futuro das gerações seguintes, alertam os especialistas.