As manifestações na Turquia, desencadeadas pela prisão do prefeito de Istambul por acusações de corrupção, têm sido alvo de medidas rigorosas por parte do governo. Desde março, cerca de 2.000 pessoas foram detidas, muitas identificadas por meio de reconhecimento facial e fotos tiradas durante os protestos. Jornalistas também foram alvo, incluindo um fotógrafo da AFP, acusados de participar de atos proibidos após serem reconhecidos por essas tecnologias. Especialistas apontam que a capacidade de vigilância do Estado turco evoluiu significativamente desde os protestos de 2013, com sistemas que cruzam imagens de câmeras com perfis em redes sociais.
Para evitar a identificação, manifestantes têm adotado máscaras, cachecóis e chapéus, mas a polícia exige que descubram o rosto para filmá-los antes de liberá-los. Analistas preveem que a busca por métodos para neutralizar o reconhecimento facial, como roupas e maquiagens específicas, deve crescer. No entanto, além da vigilância, pesquisadores destacam que a desinformação tem sido usada para descredibilizar e dividir os protestos, com autoridades acusando os manifestantes de atos de vandalismo e terrorismo.
O governo também tem restringido o acesso à internet, reduzindo a velocidade da banda larga e bloqueando contas em plataformas como o X, sem decisão judicial. Projetos de lei em discussão podem obrigar aplicativos de mensagem a abrir escritórios no país e compartilhar dados de usuários. Especialistas alertam para o risco de um “Estado de vigilância”, com informações coletadas sendo usadas de forma arbitrária. A integração entre o ativismo online e offline tem se tornado mais complexa, com o governo buscando dissuadir protestos tanto nas ruas quanto nas redes sociais.