Em uma região remota e montanhosa da província de Daikundi, no Afeganistão, a família Khawari, pertencente à comunidade Hazara, enfrenta um dia a dia marcado pela tragédia e pela luta por justiça. A morte de Zahra, filha mais velha da família, desencadeia uma jornada difícil rumo a Cabul. Zahra, estudante da Universidade de Cabul, tirou a própria vida após enfrentar repetidas rejeições de sua tese pelos supervisores. O documentário revela não apenas o luto da família, mas também seu esforço contínuo por respostas e justiça diante de um sistema que falhou em apoiar a jovem.
A morte de Zahra é contextualizada dentro de um histórico de violência étnica que remonta ao século XIX, quando a população Hazara foi fortemente massacrada durante o reinado de Abdur Rahman Khan. Quase 200 anos depois, a comunidade Hazara ainda enfrenta discriminação e perseguições, especialmente com o retorno do regime talibã ao poder. A narrativa do filme se desenrola entre a busca da família por justiça e o temor constante que acompanha os membros da comunidade Hazara, que enfrentam dificuldades para transitar pelas estradas perigosas do país.
O filme, dirigido por Ilyas Yourish e Shahrokh Bikaran, adota uma abordagem intimista, capturando a sensação de claustrofobia e incerteza que permeia a jornada dos Khawari. As imagens frequentemente mostram a estrada vista pela janela de veículos apertados, reforçando a sensação de angústia e as adversidades enfrentadas pela família. A obra não só expõe o sofrimento da perda de um ente querido, mas também ilustra as dificuldades enfrentadas por uma comunidade marcada pela violência histórica e pela discriminação contínua.