A relação entre os Estados Unidos e a África do Sul enfrenta sua pior crise em décadas, marcada pela suspensão da ajuda financeira americana e pela oferta de asilo aos africâneres, comunidade branca de origem holandesa. O governo americano justifica a medida alegando discriminação racial contra essa minoria, enquanto o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, nega as acusações, afirmando que as reformas agrárias buscam corrigir desigualdades históricas. A expulsão do embaixador sul-africano em Washington intensificou o conflito, com críticas mútuas sobre políticas internas e externas.
A controvérsia gira em torno da reforma agrária sul-africana, que permite a expropriação de terras sem indenização em casos específicos, como propriedades abandonadas ou obtidas ilegalmente durante o apartheid. Enquanto grupos de pressão afirmam que os brancos são vítimas de violência e discriminação, especialistas destacam que os ataques a agricultores ocorrem em um contexto de criminalidade generalizada, sem motivação racial comprovada. Apesar disso, a narrativa de perseguição ganhou força entre setores conservadores, influenciando a política externa americana.
A postura do governo Trump é atribuída, em parte, à influência de empresários do Vale do Silício com ligações à África do Sul, que defendem a ideia de que o país é um exemplo dos riscos das políticas de diversidade. Esses magnatas promovem a visão de que a ação afirmativa sul-africana prejudica a liberdade econômica, alimentando debates sobre meritocracia e equidade racial nos EUA. Analistas apontam que o conflito reflete não apenas tensões bilaterais, mas também uma batalha ideológica mais ampla sobre globalização e direitos humanos.