Estudos revelam que o uso excessivo do smartphone já é um comportamento automático e inconsciente para a maioria das pessoas. Em média, os brasileiros desbloqueiam o celular mais de 100 vezes ao dia, sendo que apenas 11% dessas interações são motivadas por notificações. Aplicativos como TikTok, Instagram e WhatsApp são acessados dezenas de vezes, com usuários passando mais de cinco horas diárias diante das telas, muitas vezes sem um propósito claro. O gesto de desbloquear o aparelho virou um reflexo condicionado, acionado pelo tédio, desconforto ou simplesmente pelo hábito de preencher pequenos intervalos de tempo.
O celular deixou de ser uma ferramenta utilitária para se tornar um ritual cotidiano, influenciando até mesmo as relações interpessoais. Pesquisas mostram que 40% das pessoas usam o aparelho durante conversas presenciais, e casais em restaurantes frequentemente olham mais para as telas do que um para o outro. O medo do silêncio e a dificuldade de lidar com a introspecção fazem com que o dispositivo seja a última coisa vista antes de dormir e a primeira ao acordar, com 60% das pessoas dormindo ao lado do aparelho. A dependência é tão naturalizada que muitos negam seu vício, mesmo sentindo desconforto quando ficam sem acesso.
Especialistas apontam que o comportamento reflete uma sociedade que perdeu a capacidade de esperar, pausar ou simplesmente estar presente. O uso não intencional do smartphone, comparado ao reflexo condicionado de Pavlov, revela uma desconexão crescente entre as pessoas e seus próprios pensamentos. Enquanto o dispositivo conecta indivíduos ao mundo digital, também os afasta de si mesmos, transformando a solidão compartilhada em uma norma. O desafio, agora, é reconhecer os limites desse hábito antes que ele ultrapasse ainda mais a fronteira entre o útil e o compulsivo.