A série “Adolescência”, da Netflix, investiga os fatores que levam um jovem de 13 anos a cometer um assassinato, destacando o papel da machosfera — um ecossistema online que dissemina ideias misóginas e extremistas. O roteirista da produção mergulhou nesse universo, identificando como influenciadores e algoritmos de redes sociais amplificam mensagens tóxicas, atingindo um público cada vez maior. A machosfera, que surgiu em fóruns nos anos 1990, evoluiu para um movimento organizado, misturando discursos de autoajuda com ideologias perigosas.
Especialistas apontam que a machosfera se aproveita de fragilidades sociais e econômicas enfrentadas por jovens, oferecendo uma comunidade distorcida que culpa mulheres por problemas como solidão e frustração romântica. Grupos como incels e profissionais da sedução, inicialmente focados em debates sobre relacionamentos, radicalizaram-se ao longo do tempo, culminando em casos reais de violência. A série retrata como essas ideias, antes marginais, ganharam espaço no mainstream através de figuras que associam misoginia a sucesso financeiro e físico.
A produção também destaca o impacto dessas narrativas em adolescentes que buscam identidade e pertencimento, muitas vezes sem apoio familiar ou escolar. A machosfera preenche esse vazio com soluções simplistas, mas perigosas, reforçando estereótipos de gênero e incentivando comportamentos prejudiciais. A série serve como um alerta sobre como o extremismo online pode transcender a internet, moldando atitudes e ações no mundo real.