O aumento no consumo global de eletricidade tem sido impulsionado por múltiplos fatores, indo muito além do crescimento esperado no uso de energia por data centers de IA. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), a demanda por eletricidade subiu 4,3% no último ano, influenciada por ondas de calor que aumentaram o uso de ar-condicionado, pela eletrificação de processos industriais e domésticos, e pela expansão de veículos elétricos. Enquanto economias emergentes, como China e Índia, registraram crescimentos significativos (7% e mais de 4%, respectivamente), regiões como a União Europeia tiveram um aumento mais modesto (1,5%). Nos EUA, além dos data centers, investimentos em manufatura avançada e a adoção de veículos elétricos contribuíram para um crescimento de 2%.
Apesar dos alertas sobre o impacto energético da IA, especialistas destacam que focar apenas nessa tecnologia ignora a complexidade do problema. Avanços em eficiência energética podem reduzir parte da demanda, mas não resolvem desafios como as mudanças climáticas e a necessidade de infraestrutura sustentável. Felizmente, 80% da nova geração de energia global em 2023 veio de fontes renováveis ou nuclear, indicando um desacoplamento entre crescimento econômico e emissões de carbono. No entanto, esse progresso ainda é insuficiente para frear os piores efeitos das mudanças climáticas.
A crise iminente no setor elétrico pode, paradoxalmente, acelerar soluções inovadoras. Além da expansão de gás natural, empresas estão investindo em energia solar, armazenamento em baterias e até retomando projetos nucleares. Tecnologias como redes inteligentes e gestão de demanda também ganham relevância, incentivando maior eficiência energética. O cenário exige uma abordagem multifacetada, combinando fontes limpas, modernização da infraestrutura e consumo mais consciente para equilibrar crescimento e sustentabilidade.