Uma investigação conduzida pela Comissão Independente da Verdade e Reconciliação da Coreia do Sul expôs práticas problemáticas no programa de adoção internacional do país ao longo de décadas. Segundo o relatório, agências de adoção priorizaram lucro em vez do bem-estar das crianças, resultando em fraudes, registros falsificados e coerção. Desde os anos 1950, mais de 170 mil crianças foram enviadas ao exterior, muitas delas registradas como órfãs mesmo tendo famílias biológicas. A comissão recomendou que o governo emita um pedido de desculpas oficial.
O programa foi impulsionado pela pobreza no pós-Guerra da Coreia, quando o governo adotou a adoção internacional como uma solução de baixo custo, sem investir em políticas de proteção infantil. Agências estrangeiras demandavam um número fixo de crianças mensalmente, e as instituições locais atendiam a essas exigências com pouca supervisão. Sem regulamentação adequada, as adoções se tornaram uma indústria lucrativa, com cobranças abusivas e doações obrigatórias. Muitas mães biológicas não deram consentimento válido, e documentos foram alterados para facilitar os processos.
A comissão analisou 100 petições de adotados que alegaram irregularidades em seus casos, confirmando violações de direitos humanos em 56 deles. O relatório também destacou os desafios enfrentados por essas pessoas, como dificuldades para localizar suas origens devido a identidades falsas. Entre as recomendações estão a revisão da situação de cidadania dos adotados e medidas de reparação. O governo é legalmente obrigado a considerar as sugestões, embora a comissão não tenha poder para processar as agências envolvidas.