O uso de saltos altos por homens não é uma tendência nova, mas sim uma prática com raízes históricas profundas. No século 17, os saltos eram um símbolo de status social e virilidade entre a nobreza europeia, com os homens usando saltos elevados para destacar seu poder e posição. Inicialmente associados ao universo masculino, esses calçados se popularizaram devido à sua função prática em ajudar os cavaleiros a manterem os pés nos estribos. No entanto, ao longo dos séculos, os saltos foram progressivamente feminilizados, especialmente após o Iluminismo, quando os padrões de gênero começaram a se firmar, separando claramente os papéis e as roupas masculinas e femininas.
Durante os séculos 18 e 19, a moda masculina passou por uma grande transformação, com a introdução de um vestuário mais sóbrio e prático, o que levou ao abandono do uso de saltos pelos homens. Ao mesmo tempo, o salto alto foi consolidado como um ícone da feminilidade, associado ao desejo de ter pés pequenos e delicados, um padrão de beleza que perdurou ao longo do tempo. No entanto, mesmo com esse afastamento, o uso de saltos em eventos e na cultura pop moderna, como nas passarelas da Paris Fashion Week e nas coleções de marcas de luxo, tem se tornado um símbolo de quebra de normas de gênero, evidenciando uma crescente busca por maior fluidez na moda.
Apesar da crescente aceitação dos saltos em homens em espaços como a moda e a cultura queer, ainda existem limitações e estigmas, especialmente em relação a tamanhos maiores e à percepção de que saltos são exclusivamente femininos. No entanto, a questão de por que os homens não adotaram amplamente o salto como parte de seu vestuário diário permanece, levantando debates sobre os padrões de altura, gênero e identidade na sociedade moderna. A história dos saltos, portanto, reflete um complexo jogo de símbolos sociais, poder, e normas de gênero que evoluem, mas ainda carregam implicações profundas.