Pesquisadores acreditam que as plantas de ressurreição, capazes de sobreviver a meses sem água, podem oferecer soluções cruciais para adaptar a agricultura às mudanças climáticas. Espécies como a Selaginella lepidophylla e a Myrothamnus flabellifolia conseguem perder mais de 95% de sua água e ainda se recuperar completamente quando reidratadas. Essas plantas, embora raras entre as angiospermas, compartilham mecanismos genéticos semelhantes, como a produção de açúcares protetores e proteínas que preservam suas células durante a seca, características que poderiam ser aplicadas em cultivos agrícolas.
O aumento de secas extremas e imprevisíveis, agravado pelas mudanças climáticas, ameaça a segurança alimentar global. Cultivos tradicionais, como milho e trigo, sofrem perdas irreversíveis mesmo após a reidratação, ao contrário das plantas de ressurreição, que retomam seu crescimento normalmente. Cientistas exploram técnicas de edição genética, como CRISPR, para introduzir ou reativar genes de tolerância à dessecação em plantas alimentícias, evitando a necessidade de inserir DNA de espécies distantes e reduzindo controvérsias sobre transgênicos.
Além da modificação genética, estudos focam no microbioma das raízes e em parentes próximos de plantas de ressurreição, como o tef, cereal etíope resistente à seca. A pesquisa sugere que pequenas adaptações, como a produção de antioxidantes e “protetor solar” natural, podem tornar cultivos mais resilientes sem sacrificar totalmente seu rendimento. Embora os desafios sejam grandes, as plantas de ressurreição oferecem um caminho promissor para garantir alimentos em um futuro mais árido.