Uma pesquisa arqueológica pode confirmar a existência de um cemitério de escravizados do século 18 no estacionamento da Pupileira, em Salvador. A descoberta foi feita durante um estudo de doutorado realizado na Universidade Federal da Bahia (Ufba), que comparou mapas históricos e imagens de satélite. O local, que também teria recebido indígenas, ciganos e pessoas sem recursos, funcionou por 150 anos antes de ser desativado em 1844, caindo no esquecimento.
O processo para iniciar as escavações depende da aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), com previsão de início em maio. Caso sejam encontrados vestígios, o espaço pode se tornar um museu a céu aberto. A Santa Casa de Misericórdia da Bahia, proprietária do terreno, assinou um termo de cooperação após mediação do Ministério Público da Bahia (MP-BA).
Registros históricos indicam que o cemitério abrigou vítimas de revoltas como a dos Búzios e a dos Malês, enterradas em valas comuns sem cerimônias religiosas. A pesquisadora responsável destacou a importância do estudo para resgatar a memória do local, que desapareceu tanto da paisagem quanto da consciência coletiva. O projeto busca não apenas comprovar a existência do cemitério, mas também preservar sua história de forma digna.