O Instituto de Pesca (IP-Apta), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, está conduzindo uma pesquisa com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola (Fundag) e empresas privadas, visando a viabilidade técnica e econômica da criação de camarões marinhos em água salinizada, distante do litoral. O objetivo do projeto é viabilizar a produção de camarões em locais a quilômetros da costa, com a utilização de uma salinização artificial da água, replicando os sais encontrados no ambiente marinho. O processo não depende da salinidade específica do oceano, mas sim dos sais essenciais, como cloreto de sódio e magnésio, que garantem a viabilidade do cultivo.
A grande inovação do projeto está na densidade de estocagem dos camarões, ou seja, na quantidade de camarões criados por metro cúbico de água. O cultivo em baixas densidades, como 10 ou 50 camarões por metro cúbico, é viável do ponto de vista técnico, mas não se sustenta economicamente devido à baixa produtividade. Por isso, o projeto busca trabalhar com altas densidades, chegando até 300 camarões por metro cúbico, o que impõe desafios no manejo e controle sanitário, especialmente no combate a patógenos. Para garantir a sustentabilidade e rentabilidade, os pesquisadores buscam equilibrar esses fatores, visando ao sucesso do cultivo em larga escala.
Entre as vantagens do sistema, destaca-se a possibilidade de produção em regiões distantes do litoral, aliviando a pressão sobre ecossistemas costeiros e ampliando as oportunidades para pequenos e médios produtores. Além disso, a criação em ambiente controlado facilita o manejo eficiente da água e da alimentação, resultando em um produto final mais saudável e sustentável. Embora a convivência com patógenos seja um desafio constante na carcinicultura mundial, os pesquisadores buscam estabelecer protocolos específicos para garantir o equilíbrio e o sucesso do cultivo de camarões a longas distâncias do mar.