O governo federal e os comandantes das Forças Armadas decidiram manter a estratégia de não comentar publicamente o aniversário de 61 anos do golpe militar de 1964, evitando tanto celebrações quanto repúdios oficiais. A medida, acordada entre o Executivo e os militares, reflete o esforço do Ministério da Defesa para equilibrar as demandas do governo e os interesses das Forças Armadas. O silêncio ocorre em um contexto em que o STF revisita a anistia concedida aos envolvidos na ditadura, enquanto eventos paralelos, como um almoço no Clube Militar e um debate promovido por petistas, mostram as divergências sobre a data.
Enquanto grupos ligados à reserva militar organizam celebrações privadas, figuras históricas do PT e a ministra dos Direitos Humanos participam de eventos que discutem os impactos do regime. O Ministério da Defesa, por sua vez, evitou qualquer manifestação formal, com o ministro argumentando que não houve necessidade de ordens explícitas devido à harmonia com os comandantes. A postura contrasta com a do governo anterior, que oficializou celebrações da data, descrevendo-a como um “marco para a democracia”.
O tema ganhou novo foco após o sucesso do filme “Ainda Estou Aqui”, vencedor do Oscar, e pela polarização em torno do 8 de janeiro, data que o governo atual prefere destacar como símbolo de defesa da democracia. Entretanto, declarações do ministro da Defesa, que negou a caracterização de “golpe” para 1964, causaram desconforto entre aliados do governo, embora a Presidência mantenha uma postura conciliatória com os militares. O debate permanece sensível, refletindo as tensões históricas e políticas que ainda dividem o país.