Durante uma audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA, a Transparência Internacional (TI) alertou sobre os retrocessos no combate à corrupção e a impunidade em diversos países da América Latina, com destaque para o Brasil. A organização apontou que decisões recentes, como a anulação das provas do acordo de leniência da Odebrecht (atualmente Novonor), agravaram o cenário de impunidade, afetando processos judiciais em vários países da região. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) resultou na suspensão de mais de 100 processos, alguns com condenações baseadas em confissões, e também beneficiou réus de outros países como Argentina, México e Peru.
A TI, junto com organizações internacionais de direitos humanos, solicitou à CIDH que acompanhe de forma contínua e sistemática a relação entre corrupção, impunidade e violações de direitos humanos nas Américas. A ausência de ação eficaz contra casos de grande corrupção tem prejudicado a responsabilização dos envolvidos, comprometendo a democracia e a justiça em diversos países. O caso da Odebrecht, que envolveu subornos em 12 nações, continua sendo um exemplo de como a corrupção transnacional afeta a governança e os direitos humanos na região.
Representantes de países como Colômbia, Guatemala e República Dominicana reforçaram a importância de uma postura mais firme da CIDH, que poderia pressionar os governos a agirem de maneira mais decisiva contra a impunidade. De acordo com os participantes da audiência, uma atuação mais incisiva da organização internacional pode ser crucial para garantir que os responsáveis por crimes transnacionais, como o esquema de subornos da Odebrecht, sejam devidamente responsabilizados.