A ópera contemporânea “Innocence”, da compositora finlandesa Kaija Saariaho, dirigida por Simon Stone, mergulha no impacto psicológico de uma tragédia, especificamente no contexto de um tiroteio escolar. A obra levanta questões filosóficas profundas sobre a inocência perdida e o papel da comunidade na gênese de tais atos de violência. Ao questionar se a violência é algo imposto de fora ou um reflexo de um mal interno coletivo, a ópera provoca uma reflexão sobre a natureza da culpa e da responsabilidade social.
A peça começa com uma sequência musical tensa e perturbadora, com acordes graves no piano e uma mistura de sons orquestrais que evocam uma sensação de ansiedade e desolação. A música, com influências de compositores como Bartók e Ligeti, constrói uma atmosfera opressiva, intensificando a sensação de trauma que permeia a narrativa. O cenário e os sons servem para ilustrar a angustiante realidade de um grupo de pessoas profundamente afetadas por um evento devastador.
“Innocence” não se limita apenas a contar uma história de dor, mas também a explorar como as pessoas lidam com o pós-trauma e com a sensação de insegurança. Ao longo da ópera, os personagens enfrentam as consequências de um evento traumático, destacando os efeitos devastadores da violência no tecido social e individual. A obra desafia o público a refletir sobre a complexidade da culpa, do luto e da reparação em uma sociedade marcada por tragédias inexplicáveis.