A recente modalidade de empréstimo consignado para trabalhadores CLT, disponível desde 21 de março, tem provocado discussões sobre seus impactos na saúde financeira dos contratantes. O crédito, que já movimentou R$ 1,3 bilhão em uma semana, utiliza como garantia 10% do FGTS e 100% da multa rescisória em caso de demissão. Economistas e influenciadores financeiros alertam que a medida pode aumentar o endividamento das famílias, especialmente em um cenário de instabilidade no emprego, comprometendo a segurança do trabalhador em momentos críticos.
Especialistas destacam preocupações como o uso do crédito para quitar dívidas anteriores, a oferta agressiva de empréstimos e o prolongamento do comprometimento da renda. Lauro Gonzalez, da FGV, ressalta que trabalhadores do setor privado, diferentemente de servidores públicos ou aposentados, estão mais vulneráveis a demissões, o que eleva os riscos. Além disso, o aumento da margem consignável para 35% do salário e prazos extensos podem levar a um ciclo de endividamento, com contratantes recorrendo a novas linhas de crédito para cobrir obrigações anteriores.
Para evitar armadilhas, recomenda-se analisar cuidadosamente o Custo Efetivo Total (CET), comparar taxas entre instituições e avaliar a real necessidade do empréstimo. O advogado trabalhista Caio Bouckhorny lembra que o FGTS é um direito fundamental do trabalhador, destinado a proteção em situações como demissão ou aquisição da casa própria. Alternativas como microcrédito ou financiamento imobiliário são apontadas como opções mais sustentáveis, enquanto a regulação da oferta de cartões de crédito poderia mitigar o superendividamento.