Quase metade das cidades afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), não aderiram ao acordo de reparação proposto pelas mineradoras e autoridades governamentais. O pacto, que inclui compensações de até R$ 170 bilhões, foi assinado em outubro do ano passado e visa reparar os danos causados pelo desastre de 2015. Apenas 26 das 49 cidades elegíveis assinaram a proposta, que exige que as prefeituras desistam de ações judiciais, incluindo uma tramitação em Londres. A recusa de várias cidades reflete a insatisfação com os valores oferecidos e a falta de inclusão das administrações municipais na negociação do acordo.
As prefeituras que rejeitaram o acordo, como Mariana, questionam a distribuição dos recursos e a adequação do valor proposto para reparar os danos sofridos pelas populações afetadas. Além disso, alegam que o prazo de 20 anos para a execução dos pagamentos não é suficiente diante das necessidades imediatas das vítimas. A Associação Mineira de Municípios (AMM) criticou a falta de critérios claros na destinação dos recursos e entrou com uma medida jurídica para buscar uma renegociação das condições do pacto. Para as prefeituras, a proposta não contempla adequadamente os danos provocados pela tragédia.
O desastre, que resultou na morte de 19 pessoas e causou danos significativos ao meio ambiente e à população da bacia do Rio Doce, ainda gera impactos para milhares de vítimas, como a perda de casas e meios de subsistência. Embora as mineradoras envolvidas tenham já pago parte do valor proposto, as prefeituras rejeitantes buscam uma solução que seja mais justa e imediata. A situação segue em aberto, com o governo federal, os estados e as mineradoras tentando avançar nas negociações para reparar os danos do maior desastre ambiental da história recente do Brasil.