A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) classificou a violência contra as mulheres no Brasil em 2024 como uma “guerra”, destacando que o país registrou 20 milhões de notificações de agressões, incluindo ameaças de feminicídio. Durante discurso em um seminário em São Paulo, ela lamentou a falta de medidas concretas para mudar esse cenário, apesar da gravidade dos dados. A ministra também questionou a disparidade entre a maioria feminina em faculdades de Direito e a subrepresentação das mulheres em cargos de poder no sistema de Justiça e na política.
O evento, promovido pela Escola Superior do Ministério Público de São Paulo, teve como objetivo discutir os desafios do Ministério Público sob uma perspectiva feminina, com foco na igualdade de gênero e na criação de políticas públicas que incentivem a participação das mulheres em posições de decisão. A ministra destacou que, embora as mulheres sejam maioria no eleitorado e em etapas iniciais das carreiras jurídicas, elas ainda enfrentam barreiras para alcançar espaços de liderança, como tribunais e procuradorias.
Os dados apresentados no seminário reforçam a urgência do tema: em 2024, o Brasil registrou 1.450 feminicídios, 12 a mais que no ano anterior, com 83% dos casos relacionados a conflitos de relacionamento. A ministra enfatizou que a igualdade de gênero ainda não é uma realidade, mesmo que muitos afirmem apoiá-la, e defendeu ações efetivas para combater a violência e promover a representação feminina em todas as esferas de poder.